Thursday, January 03, 2008

Património

Um ano passado...e uns dias. O silêncio não perdoa mas não me votei a ele. Também não me auto-ostracizei (com hífen embora as modas ditem diferente). Voltei a mim sem deixar de ser eu. Um exercício de amalgamação.

Como é hábito as linhas acumulam-se aleatoriamente num qualquer pedaço de papel que a tinta falhou preencher. Estas sobre patrimónios e heranças. Numa viagem de comboio. Também um hábito.


Herança


Não há pudor.
Não há tacto, piedade que
Conceda espaço a
Uma casa branca caiada de cinzento
Com um azulejo mirando
Colmeias.

Não há tempo que se
Negoceie em prol desse quintal
Rude
E as paredes que se erguem são
De betão, barato,
Telhados de asbestos.

Não há pessoas nem aldeias.
Só o progresso, o capital.

E um sorriso cirúrgico
Impresso numa qualquer brochura
De um novo condomínio.

Cansam-me os contrastes.


M.S. 28-12-2007