Wednesday, May 18, 2005

paternidade

Mais uma incursão pelas palavras dos outros. Desta vez as palavras de um poeta catalão cujos versos foram musicados por Paco Ibañez.
Mais sobre José Agustín Goytisolo:

http://buscabiografias.com/cgi-bin/verbio.cgi?id=7087

PALABRAS PARA JULIA

Tú no puedes volver atrás
porque la vida ya te empuja
como un aullido interminable.



Hija mía es mejor vivir
con la alegría de los hombres
que llorar ante el muro ciego.



Te sentirás acorralada
te sentirás perdida o sola
tal vez querrás no haber nacido.



Yo sé muy bien que te dirán
que la vida no tiene objeto
que es un asunto desgraciado.



Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.



La vida es bella, ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos, tendrás amor.



Un hombre solo, una mujer
así tomados, de uno en uno
son como polvo, no son nada.



Pero yo cuando te hablo a ti
cuando te escribo estas palabras
pienso también en otra gente.



Tu destino está en los demás
tu futuro es tu propia vida
tu dignidad es la de todos.


Otros esperan que resistas
que les ayude tu alegría
tu canción entre sus canciones.



Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.



Nunca te entregues ni te apartes
junto al camino, nunca digas
no puedo más y aquí me quedo.



La vida es bella, tú verás
como a pesar de los pesares
tendrás amor, tendrás amigos.



Por lo demás no hay elección
y este mundo tal como es
será todo tu patrimonio.



Perdóname no sé decirte
nada más pero tú comprende
que yo aún estoy en el camino.



Y siempre siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.



José Agustín Goytisolo

amor e carros...

acaso

por acaso atravessaste a rua
sem olhar para ambos os lados hoje,
sem esperar pelo verde
por acaso caiu-te um cartão

por instinto apanhaste-o
por acaso o carro passava nesse
momento, acima da velocidade
permitida,
por algo que desconhecias
todo o teu corpo embateu violentamente
no chão...

por acaso abriste os olhos
e sorriste ao ver-me.
Puro acaso.
M.S. 13-08-2003

sentidos

Gestos
Voz
Ruídos.
O som refugiou-se nas
Entranhas do
Ser, nas profundezas do
Corpo.
Mas as mãos...perdem-se
Num rosto, braços
Cabelos de um estranho.
Sedas.
Sobrevoam músculos
Contraídos, reclamam para si a
Tensão,
Catarse
Mãos
Lábios
Lábios são mãos
Mãos, lábios são
E fundem-se membros
Num novelo imperceptível
Duas sombras,
Uma sombra.
A escuridão.
E
A Lua.

M. S. 1-10-2000

Tuesday, May 17, 2005

desespero (1)

Suicídio

Edifício alto.
Rectidão rigorosa
que perfura o olhar,o espírito.
Salto.
Atraído pelo chão
caio imóvel
sem vida.
- Estás preso, pesado
morto como o asfalto
que te rodeia.

M.S. 8-6-97

Sunday, May 15, 2005

De Zoito

De Zoito
Tempo, fracção
Instantes, segundos.
PÁRA!!!
Idiota!
Maior? Que é isso,
Maior?
MAIOR MAIOR MAIOR...
Transbordas alma, flácida,
tanto!
Mas ninguém preenche
O vazio do meu espírito,
Vácuo, nulidade perfeita!
Hahaha!
Gravar um traço
Longitudinal a bisturi

Ah...estúpida ilusão
De que o sono é a calma.

Pudera eu mergulhar
Nas águas da inocência
Viver acordada em
Sonhos, devaneios, transes...
Fora lógica, hipótese, dedução!
Fora sinapses
Fora tísica iluminação.
Ó Lua! Banha-me
Nos teus mares,
Beija meus olhos
Com o teu brilho
Sereno, e leva-me
Para outra instância

...estúpida ilusão de
que o sono é a paz, calma.

M.S. 9-5-2000

Saturday, May 14, 2005

uma pérola humorística

Não pretendendo de longe comparar-me a nenhum mestre na arte da Poesia vou contaminar também este pequeno mundo virtual com palavras proferidas por poetas de que gosto, mal conheço, anónimos ou outros trovadores.

Um primeiro rasgo de poesia americana (sim, ainda que Auden tenha nascido em Inglaterra e só em 1939 se tenha tornado cidadão americano) é este Cidadão Desconhecido que mais não é do que uma evidência de que apesar dos muitos trastes, desnecessário nomeá-los, há americanos extremamente profícuos pelo lado positivo. Como os há louváveis e desprezíveis indivíduos em cada e qualquer povo à face deste planeta (o único fundamentalismo em que acredito é no da Humanidade na mais nobre acepção da palvra). Bem, basta de preâmbulos.

The Unknown Citizen

He was found by the Bureau of Statistics to be
One against whom there was no official complaint,
And all the reports on his conduct agree
That, in the modern sense of an old-fashioned word, he was a
saint,
For in everything he did he served the Greater Community.
Except for the War till the day he retired
He worked in a factory and never got fired,
But satisfied his employers, Fudge Motors Inc.
Yet he wasn't a scab or odd in his views,
For his Union reports that he paid his dues,
(Our report on his Union shows it was sound)
And our Social Psychology workers found
That he was popular with his mates and liked a drink.
The Press are convinced that he bought a paper every day
And that his reactions to advertisements were normal in every way.
Policies taken out in his name prove that he was fully insured,
And his Health-card shows he was once in a hospital but left it cured.
Both Producers Research and High-Grade Living declare
He was fully sensible to the advantages of the Instalment Plan
And had everything necessary to the Modern Man,
A phonograph, a radio, a car and a frigidaire.
Our researchers into Public Opinion are content
That he held the proper opinions for the time of year;
When there was peace, he was for peace: when there was war, he went.
He was married and added five children to the population,
Which our Eugenist says was the right number for a parent of his
generation.
And our teachers report that he never interfered with their
education.
Was he free? Was he happy? The question is absurd:
Had anything been wrong, we should certainly have heard.


Copyright © 1940 W. H. Auden

há não muito tempo...

Obsessão: Acção

Recusei a Inércia
Na secção do
Meu cérebro restrita
Aos males de amor


Esbofeteei todas
As convenções
Do bom senso e
Da Razão

Estridentemente
Gritei
a grandeza infinita
da massa inerente
a essa Esfera que
continha o elemento
representativo de nós.
Precipitei-me escadas abaixo
Cruzei, intransigente,
todas as esquinas negando
à Sorte a minha
Passividade
conformista.

Apertei-te irrevogavelmente
Nos meus braços
Com o horizonte
Reflectido nos
Olhos,
as Mãos trémulas
sorvendo sonhos.
Mas
Esvaíste-te por entre
A minha Teia...
Sem retorno possível
Sem vontade
De persistir.
Embati na tua crua
(aparente?)
Indiferença.
Cessação de movimento.
Momento
ausente.
M.S. 14-08-2004

era uma vez perto do Mar

Pela janela

O entardecer, suavemente,
Descendo do céu
Espreita pelo vidro frio da janela
E a lua que ainda dorme, preguiçosa,
Sonha com uma noite
Estrelada, espirituosa,
Quente.
No campanário caiado de dourado
O sino vigia silencioso
Uma brisa gélida que
Saúda as macieiras e
As ondas do mar.
Longe vai a tarde
E as sombras abraçam
O campo.

M.S. 20-10-1999

"Este o primeiro dia do resto da minha Vida"

Não pretendo pretender que nada pretendo... Pretendo. Pretendo partilhar aquilo que escrevo mais ou menos compulsivamente, mais ou menos diariamente. Espero críticas construtivas e destrutivas, espero empatia e desagrado. Espero, acima de tudo.
Não se abstenham! Não se contenham! Comentem! Agradeço sincera e profundamente.

Obrigada e boas leituras.

M. S.