Monday, August 08, 2005

Mãos

amam-se as mãos


amam-se as mãos
à revelia de qualquer olhar inusitado
enleiam-se violenta e lentamente
como o sargaço afogando
um náufrago
em mar de suor e vontade


amam-se as mãos de unhas em riste
nas costas das mãos e
doces viagens entre polpas de uns dedos
e outros

amam-se as mãos e esses polegares
tornam-se ídolos
uma marca peculiar
de uma animalidade diferente
roubam-se polegares
à força com indicadores
e dedos médios

amam-se as mão
e explode a volúpia
espalhando-se por cada veia
de uns braços
para o cérebro
para o peito
para o sexo

amam-se as mãos
e a madrugada anuncia-se
iminente


08-08-05 M.S.

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